“O essencial é invisível aos olhos!”. Esta máxima de Antoine
de Saint-Exupéry é conhecida e popularmente citada. O autor a complementa
dizendo: “Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer”.
Acontece que, por nós, ela também foi esquecida!
Quando olhamos para as necessidades da vida em comunidade,
devemos olhar com o coração e não somente com os olhos, e entender que, por
trás de cada membro que a constitui, existe uma essência.
Há algum tempo, aprendi a diferença entre a “pessoa” e o
“indivíduo”. A pessoa é dotada de uma identidade, de uma história de vida, de
uma essência que a diferencia dos demais. O indivíduo por sua vez é alguém sem
esses elementos... É apenas um número na população, mais um ser em meio a
tantos outros. A comunidade acontece quando pessoas dispostas a aceitar e a
conviver com a essência do outro, se reúnem.
É importante dizer que, aceitar a essência do outro não
significa desprezar ou diminuir a própria essência. A comunidade é permeada por
uma relação de reciprocidade. Se aceitar a essência do outro (que é o que o faz
único) me faz ser melhor e atuante na comunidade, preciso também oferecer a
minha essência e estar à disposição para que o outro também me aceite, como um
ser único.
A essência do ser humano, no entanto, não deve ser maior do
que a essência de Deus! A essência divina desperta em nós o olhar sem filtros
sobre o próximo, e quando for difícil aceitar, será esta essência que nos fará
suportar o próximo da mesma forma com que muitas vezes seremos suportados.
Muito se fala sobre vida em comunidade. Pratica-se pouco, no
entanto, o essencial: “Amarás o próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 39).
A ideia de que o ser humano é um animal social é antiga. Já
dizia Aristóteles que para que homem alcance sua plenitude, é necessário que
esteja em contato com outras coisas e outras pessoas.
Desta forma, a plenitude é resultado do encontro de pessoas
(seres únicos). A felicidade é fruto da comunhão de essências... Da vivência do
amor divino que nos leva a reconhecer o que há em nós e a amar o que há no
próximo.
Eis o essencial! Viver e permanecer no amor!
Luís Maurício
Colunista
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